A satisfação no trabalho e a Teoria de Flow

Odilon Medeiros*

 Vivemos pressionados e preocupados com o tempo, não é verdade? Correndo para que tenhamos tempo de fazer tudo o que ainda precisamos fazer. É uma agitação total.

Convido você para uma reflexão. Primeiro pense em alguma atividade que você gosta muito de fazer. Pensou? Em seguida, lembre a última vez que você esteve envolvida com ela. Se veja realizando essa tarefa. E agora me responda: como está o seu comportamento? Você está focando no tempo ou na realização da atividade? Você está agitado(a) ou tranquilo(a)? Possivelmente você estará desfrutando daquele momento e não estará estressado(a).

 

Essa situação pode estar ligada ao que o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, que é Ph. D. na Claremont Graduate University, na Califórnia, concebeu e chamou de teoria do Flow (fluxo, em inglês), que nada mais é do que um estado mental atingido quando se está absolutamente envolvido em alguma atividade de alguma forma prazerosa.

 

Segundo o pesquisador, o Flow é uma experiência subjetiva específica onde as pessoas são colocadas quando estão completamente engajadas naquilo em que têm interesse e envolvimento. É uma experiência oriunda de um estado de concentração e foco, que torna a realização de qualquer atividade mais espontânea, mais natural.

 

Entretanto, para que isso aconteça, é preciso que haja um equilíbrio entre as habilidades da pessoa e o nível do desafio que esteja prestes a encarar. Imagine que eu estou chamando você para que realize um certo trabalho. Nele você terá a oportunidade de realizar aquela tarefa que citou no segundo parágrafo. Como você vai reagir? Acredito que, com tranquilidade, pois terá habilidade e saberá como vencer o desafio ou, no mínimo, saber as alternativas ou outros caminhos que possui para vencê-lo.

 

Se você entender que o desafio desse trabalho é inferior às suas habilidades, poderá se sentir desmotivado(a), se sentir em estado de tédio, de relaxamento excessivo, de apatia, etc. E o que aconteceria se fosse ao contrário? Se os desafios forem muito maiores do que as competências? Possivelmente geraria ansiedade, preocupação, agitação, etc.

 

Os estudos de Mihaly comprovam que o Flow busca atingir o equilíbrio entre essas duas esferas: habilidades e desafios.

 

E a pergunta que surge, quase que imediatamente é: quais os resultados que o Flow pode trazer para mim? Segundo o pesquisador, qualquer que seja a sua atividade, se você estiver engajado, produzirá um estado fenomenologicamente similar à experiência na qual várias pessoas consideradas de sucesso vivenciaram: elas se descreveram como muito focadas, não se distraiam, ficavam absorvidas naquilo que estavam fazendo, não se “torturavam” para fazer o que tinham que fazer. E como resultado, produziam mais e com melhor qualidade, apresentavam melhoria na qualidade de vida, nos relacionamentos interpessoais, redução do absenteísmo, aumento da motivação, etc.

 

Vamos refletir agora sobre os dois lados da mesma moeda: a visão do gestor e a visão do liderado sobre o tema.

 

Enquanto gestor, o profissional deve ficar atento à dinâmica do grupo. Até mesmo porque essa é uma habilidade que deve estar presente na rotina de qualquer líder e não é aceito a desculpa que não tem oportunidade para isso. Então, comece a visualizar a sua equipe e, mesmo que mentalmente, faça observações sobre a atuação de cada um dos integrantes. Lembre-se que, nada está tão bom que não possa ser melhorado. Assim, observe o desempenho do seu pessoal e responda: existe algum obstáculo que esteja atrapalhando o estabelecimento pessoal do Flow?

 

Mihaly afirma que “Os tipos de atenção para associar o colaborador com o trabalho são uma habilidade que o gestor deveria desenvolver, se quiser que os funcionários deem o melhor de si, que percebam que o seu trabalho tenha sentido, que valha a pena”.

 

No papel de liderado, é fundamental que haja algum processo de autoconhecimento, que atualmente existem em grande quantidade no mercado. Procure descobrir em você o que pode estabelecer o Flow. E comece a demonstrar isso. Se o seu líder não perceber, chegue mais próximo dele, converse. Mas evite exigir mudanças imediatas dele. Dê um tempo para que ele possa se familiarizar com a ideia.

 

Como pode ser visto, essa é mais uma estratégia para, ao mesmo tempo, aumentar a satisfação e a produtividade. Sua e da equipe. Portanto, desfrute dela e seja feliz.

 

Que assim seja!

 

(*) Odilon Medeiros – Consultor em gestão de pessoas, palestrante, professor universitário, mestre em Administração, especialista em Psicologia Organizacional, pós-graduado em Gestão de Equipes, MBA em vendas Contato: om@odilonmedeiros.com.br / www.odilonmedeiros.com.br